O GRO é a sigla para Gerenciamento de Riscos Ocupacionais, um processo de gestão contínua estabelecido pela Norma Regulamentadora nº 01 (NR-1) que visa identificar, avaliar e controlar os riscos no ambiente de trabalho.

Para muitos profissionais de SST, a chegada de novas siglas pode parecer mais burocracia. No entanto, o GRO é exatamente o oposto: ele é a principal ferramenta para tirar a Segurança e Saúde no Trabalho do “modo reativo” e provar seu valor estratégico para a alta diretoria, conectando segurança com redução de custos e metas de ESG.

Este artigo é o guia definitivo para entender o GRO como o processo central de gestão que ele é, como ele se conecta ao PGR e como ele serve de base para sua estratégia de HSE.

A base legal do GRO é a Norma Regulamentadora nº 01 (NR-1), especificamente em seu item 1.5, intitulado “Do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais”.

É a NR-1 que estabelece o GRO como o “guarda-chuva” legal que toda organização deve implementar para gerenciar seus riscos. Ela substituiu a lógica antiga do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) da NR-9, que era focado apenas em riscos ambientais, por um processo de gestão muito mais amplo e completo.

Para profissionais de SST, é crucial notar que esta norma é dinâmica. Como a fonte oficial demonstra, há uma nova redação (dada pela Portaria MTE nº 1.419/2024) que entrará em vigência apenas em 26 de maio de 2026.

Manter-se atualizado com essas mudanças é um dos maiores desafios do gestor de HSE. Por isso, recomendamos sempre consultar a fonte primária. Você pode acessar os textos (vigente e futuro) no link oficial do Governo Federal: Norma Regulamentadora nº 01 (NR-1).

O que é GRO em SST e por que ele é um sistema, não um documento

É fundamental entender o que é GRO: ele não é um documento que se faz uma vez por ano e se guarda na gaveta. Ele é um processo contínuo.

Pense no GRO como o “sistema operacional” da gestão de segurança da sua empresa, muito similar a um ciclo PDCA (Planejar, Fazer, Checar, Agir). Ele exige que a empresa não apenas identifique riscos, mas que os monitore, revise sua eficácia e busque a melhoria contínua.

Para o profissional que busca uma visão estratégica, o GRO é a ferramenta que permite a gestão integrada com outras normas de sistema, como a ISO 45001 (Saúde e Segurança) e a ISO 14001 (Meio Ambiente).

Aqui está o ponto-chave para o Profissional de SST que precisa justificar investimentos para a diretoria. O GRO é a melhor ferramenta para provar o ROI (Retorno sobre o Investimento) da área de segurança.

Um gerenciamento de risco eficaz transforma a SST de “despesa obrigatória” em um pilar de sustentabilidade do negócio. Os argumentos são claros:

  • Visão de ROI: um gerenciamento de risco bem executado reduz custos diretos e indiretos, impactando positivamente o Fator Acidentário de Prevenção (FAP), diminuindo o absenteísmo e reduzindo gastos com passivos trabalhistas.
  • Integração de sistemas: como mencionado, o GRO foi desenhado para “conversar” com outras normas, facilitando a manutenção de certificações ISO que a diretoria valoriza.
  • Simplificação do eSocial: um GRO robusto garante que todos os dados de SST necessários para o eSocial (como os eventos S-2210, S-2220 e S-2240) estejam corretos e centralizados.
  • Base para o ESG: em um cenário onde a alta gestão é cobrada por metas de ESG, o GRO é a evidência mais robusta do “S” (Social) e “E” (Environment, na parte de HSE), demonstrando um compromisso proativo com a saúde dos colaboradores.

GRO x PGR: diferenças, relação e materialização do GRO no PGR

Esta é a dúvida mais comum. A lógica é simples e não deve haver confusão:

  • O GRO é o PROCESSO: é o sistema de gestão macro, o “guarda-chuva” estratégico.
  • O PGR é a FERRAMENTA: é o Programa de Gerenciamento de Riscos. É a materialização do GRO, o documento (ou sistema) onde as ações são registradas.

Se o GRO é seu plano estratégico de HSE, o PGR é o seu inventário de riscos e o seu plano de ação tático. O PGR é um item dentro do GRO.

Para se aprofundar na ferramenta de gestão, veja nosso guia do PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos.

Etapas do GRO: identificar, avaliar, controlar e monitorar

Como um processo cíclico, o que é gerenciamento de risco senão um conjunto de etapas contínuas? O GRO funciona de maneira lógica para garantir que nenhum risco seja negligenciado.

As etapas fundamentais incluem:

  1. Identificar os perigos: o levantamento preliminar de todas as fontes de perigo (físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes).
  2. Avaliar os riscos ocupacionais: analisar a probabilidade e a severidade de cada risco, geralmente usando uma matriz para priorizar o que é mais crítico.
  3. Controlar os riscos: implementar medidas de controle, seguindo obrigatoriamente a hierarquia de controle (eliminação, substituição, engenharia, controles administrativos e, por fim, EPI).
  4. Monitorar e revisar: verificar a eficácia das medidas adotadas, reavaliar os riscos e ajustar o plano sempre que houver mudanças.

Medidas de controle no GRO e o papel dos EPIs de alta performance

Dentro da etapa de “Controlar”, o GRO exige que a empresa siga a Hierarquia de Controle de Riscos. O Equipamento de Proteção Individual (EPI) é a última barreira, mas é absolutamente crucial.

Aqui, a escolha do parceiro de EPIs impacta diretamente o sucesso do GRO. Para um Gestor de SST, o maior medo é a “dor de cabeça” de um EPI que gera reclamações, tem baixa adesão dos trabalhadores ou vem de um fornecedor com suporte técnico deficiente.

A escolha de um EPI de alta performance, com conforto e durabilidade comprovados, não é um custo; é um investimento que garante a eficácia da sua medida de controle, facilita a aceitação pelo usuário e otimiza o ciclo de vida do produto (ROI).

Quem deve elaborar o GRO na empresa

Muitos perguntam “quem elabora o GRO?” ou “quem deve elaborar o GRO?”. A resposta é clara:

A responsabilidade legal pela implementação do GRO é sempre da empresa (empregador).

Na prática, esse processo é liderado pelo SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho), quando houver, ou por um Profissional de SST designado pela organização. É comum que empresas busquem o apoio de consultorias especializadas para auxiliar em todo o processo do GRO, o que envolve desde o diagnóstico inicial até a documentação de seu PGR.

Como elaborar o GRO passo a passo

Se você busca saber como elaborar o GRO, entenda que o foco é no processo, não apenas em criar um documento. Os passos essenciais para como fazer o GRO de forma eficaz são:

  1. Passo 1: diagnóstico e identificação de perigos – o “levantamento preliminar” é a base de tudo. É preciso entender todas as atividades e perigos.
  2. Passo 2: criação do inventário de riscos – esta é a base do PGR. É o registro formal de todos os riscos identificados e avaliados.
  3. Passo 3: elaboração do plano de ação – o cronograma que define o que será feito, quem fará e quando será feito para controlar os riscos priorizados.
  4. Passo 4: implementação e monitoramento – executar o plano e verificar continuamente se as ações estão trazendo resultados.

Perguntas frequentes sobre GRO

O Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) ainda gera muitas dúvidas práticas. Para ajudar, reunimos as perguntas mais frequentes sobre o tema para esclarecer os pontos-chave de forma direta.

O que é GRO em segurança do trabalho?

É a sigla para Gerenciamento de Riscos Ocupacionais. Conforme a NR-1, é o conjunto de ações coordenadas (um sistema de gestão) que as empresas devem adotar para identificar, avaliar e controlar os riscos no ambiente de trabalho.

Qual a diferença entre PGR e GRO?

O GRO é o processo de gestão (o “guarda-chuva”), o PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) é a ferramenta (o documento) que materializa as ações do GRO, contendo, no mínimo, o inventário de riscos e o plano de ação.

O que mudou com a inclusão do GRO e do PGR?

A principal mudança foi a substituição do PPRA (que focava apenas em riscos ambientais) por um sistema de gerenciamento (o GRO) e um programa (o PGR) muito mais abrangentes, que devem incluir todos os tipos de riscos ocupacionais (físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes).

Quais são as etapas do GRO?

As etapas essenciais são:

  1. Identificação de Perigos;
  2. Avaliação de Riscos Ocupacionais;
  3. Implementação de Medidas de Controle;
  4. Monitoramento e Revisão Crítica do processo.

O que compõe o GRO?

O GRO é composto por um conjunto de ações. Seu principal componente documentado é o PGR, mas ele também deve estar alinhado e ser alimentado por outros programas e laudos, como o PCMSO (NR-7), a AET (Análise Ergonômica do Trabalho – NR-17) e laudos de máquinas (NR-12), por exemplo.

Qual NR fala sobre GRO?

A NR-1 (Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais) é a norma que estabelece a obrigatoriedade e as diretrizes para a implementação do GRO.

Quem elabora o GRO?

A responsabilidade pela implementação do GRO é da empresa. A elaboração de seus documentos (como o PGR) é geralmente feita por profissionais de SST qualificados (Engenheiros de Segurança, Técnicos de Segurança), seja do SESMT da própria empresa ou de uma consultoria.

O que o PGR faz?

O PGR documenta as ações do GRO. Suas duas partes principais são o Inventário de Riscos (o diagnóstico de todos os riscos) e o Plano de Ação (o cronograma de medidas de controle).

Quem é o responsável pela PGR?

A responsabilidade final pelo PGR é da organização (empregador). O profissional que o elabora (exemplo: um engenheiro de segurança) possui a responsabilidade técnica sobre as informações e análises contidas no documento.

Qual a diferença entre PGR e PGRTR?

O PGR é a regra geral, estabelecida pela NR-1 e aplicável a todas as empresas urbanas. O PGRTR é o Programa de Gerenciamento de Riscos no Trabalho Rural, uma regra específica estabelecida pela NR-31, adaptada às particularidades do trabalho no campo.

Quem deve elaborar o mapa de riscos da empresa?

O Mapa de Riscos continua sendo uma atribuição da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), com o apoio técnico do SESMT (onde houver). Ele é uma ferramenta visual que complementa, mas não substitui, o Inventário de Riscos do PGR.

O que diz o item 1.7 da NR-01?

O item 1.7 da NR-01 trata da Capacitação e Treinamento em SST. Ele se conecta diretamente ao GRO pois estabelece que todo treinamento (admissional, periódico etc.) deve ser baseado nos riscos identificados no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais.

O que a NR-04, NR-12 e NR-18 estabelecem?

Elas são normas que alimentam o GRO com diretrizes específicas:

  • NR-04: estabelece os parâmetros para o SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho), que é o principal agente executor do GRO.
  • NR-12: define as regras de segurança para máquinas e equipamentos. As análises da NR-12 são fundamentais para o Inventário de Riscos do PGR.
  • NR-18: estabelece as diretrizes de segurança na indústria da construção, possuindo seu próprio PGR, que deve estar alinhado ao GRO da empresa.

Próximo passo: integrar seu GRO ao PGR e às avaliações da NR-9

O GRO é o processo contínuo e o PGR é a sua ferramenta documentada. Mas como avaliar os riscos? É aí que entra a NR-9.

A NR-9 (Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos) não morreu; ela apenas mudou de foco. Ela deixou de ser um programa (PPRA) e passou a ser a metodologia de avaliação que alimenta o seu PGR/GRO.

Para entender como a nova NR-9 se encaixa perfeitamente na sua estratégia de GRO, leia nosso guia de avaliação e controle (GRO/PGR).

Conclusão: o GRO como o motor da sua estratégia de HSE

Acreditamos que o GRO não é uma nova burocracia, mas sim a principal ferramenta de gestão que transforma o SST de um centro de custo em um motor de produtividade e sustentabilidade para o negócio.

Sabemos que a vida do profissional de SST é uma batalha diária. Você precisa dominar as mudanças nas NRs (como a que entra em vigor em 2026), lutar contra a “mentalidade do custo” da diretoria e, ao mesmo tempo, provar o valor estratégico de uma gestão de HSE integrada.

Diante dessa complexidade, queremos saber de você: este guia conseguiu esclarecer como usar o GRO a seu favor? Ficou alguma dúvida sobre como o GRO se conecta ao PGR ou à ISO 45001? Se sim, queremos saber sua opinião, porque sua fala, fortalece toda a nossa comunidade.

Você aprendeu que o GRO é o processo estratégico. Mas o sucesso desse processo é decidido na prática, na etapa de “Controle”. De nada adianta um plano perfeito se a última barreira – o EPI – falha, gera reclamações dos trabalhadores ou vem de um fornecedor sem suporte técnico.

Por isso, se precisa de um parceiro confiável para evitar essa “dor de cabeça” e garantir a eficácia do seu controle, fale agora conosco!

Abraço e até o próximo conteúdo!