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Evolução da segurança do trabalho: da origem até as novas tendências

Nota de atualização: Conteúdo revisado e atualizado em setembro de 2024.

A evolução da segurança do trabalho é um reflexo direto das mudanças nas condições laborais e no avanço das regulamentações ao longo do tempo.

Desde os primeiros passos, com a Revolução Industrial e a conscientização sobre os riscos nas fábricas, até as tecnologias atuais, como a análise de dados e o uso de inteligência artificial para prever acidentes, esse campo passou por profundas transformações.

Um exemplo marcante dessa evolução é a criação das Normas Regulamentadoras no Brasil, em 1978, que estabeleceu as orientações fundamentais para a proteção dos trabalhadores.

Hoje, as novas tendências apontam para um futuro ainda mais integrado com inovações tecnológicas, colocando a saúde e a segurança no centro das operações empresariais.

Quer entender mais sobre essa evolução? Acompanhe a leitura!

Antiguidade: os primeiros olhares para a saúde do trabalhador

É bem verdade que, na Antiguidade, o trabalho era visto como algo tortuoso e que não deveria ser realizado pelos homens livres e nobres, cabendo as atividades mais difíceis e perigosas aos escravos, e, como a mão-de-obra era abundante, não havia preocupações com a integridade física deles.

Mas já nesse período alguns estudiosos se dedicaram a relatar as péssimas condições de trabalho a que os escravos eram submetidos, como o médico e filósofo grego Hipócrates (460 a 375 a.C.) que escreveu sobre um caso de intoxicação por chumbo em trabalhadores de uma obra.

Outro que abordou essa problemática foi o escritor e naturalista romano Plínio, O Velho. Em sua obra “De Historia Naturalis”, ele descreveu os primeiros EPIs da história humana: com panos ou membranas de bexiga de animais, os próprios escravos improvisavam esses artefatos para se protegerem da inalação de poeiras nocivas.

Idade Média e o Renascimento: o surgimento da medicina ocupacional

O médico italiano Bernardino Ramazzini publicou, em 1700, o que viria a promovê-lo como o pai da Medicina Ocupacional: um estudo sobre doenças do trabalho. Nele, o médico relacionava os riscos à saúde causados por agentes nocivos, como poeira, metais e compostos químicos encontrados em diversas atividades laborais.

Ramazzini estimulava os demais médicos a questionarem aos seus pacientes qual sua ocupação laboral para conseguir relacionar as causas e consequências desses males. Assim, vários médicos passaram a se dedicar à instrução de trabalhadores a fim de minimizar os problemas por doenças do trabalho.

Por exemplo, o doutor francês Patissier, recomendava aos ourives olhar para o infinito de vez em quando para evitar a fadiga visual. Ou, ainda, René Villermé, também francês, que relacionou o estado de saúde dos trabalhadores às jornadas excessivas, à qualidade precária de alimentação e moradia, e aos baixos salários.

Revolução Industrial: as primeiras leis trabalhistas

O avanço tecnológico advindo do surgimento das máquinas a vapor agravou ainda mais a precariedade da segurança e saúde do trabalho. Nessa época, crianças e mulheres também eram submetidas a jornadas de trabalho exaustivas e condições de trabalho insalubres.

Foram necessários muitos conflitos e revoltas para que medidas concretas fossem adotadas, como a criação das primeiras leis trabalhistas. A mais conhecida dessas medidas é a Factory Law (Leis da Fábrica), aprovada em 1802 pelo parlamento britânico para as atividades na indústria têxtil, que foi ampliada para os demais setores industriais em 1878.

Dentre as medidas adotadas com a lei, estavam:

  • a obrigação de ventilação em todos os ambientes da fábrica;
  • a remoção da sujeira (limo) duas vezes ao ano;
  • duas mudas completas de roupas para as crianças (sim, elas ainda trabalhavam e custavam mais barato);
  • a definição da carga horária máxima de 8h diárias para crianças entre 9 e 13 anos, e de 12h para adolescentes entre 14 e 18 anos;
  • proibição do trabalho de menores de 9 anos e obrigatoriedade do estudo em escolas mantidas pelos empregadores;
  • dormitórios infantis separados por sexo com, no máximo, duas crianças por cama;
  • cabia aos empregadores o tratamento das doenças infecciosas.

A proibição da jornada de trabalho noturno para menores de 21 anos, a concessão de uma hora de almoço para as crianças, a obrigatoriedade de estudo para os maiores de 9 anos, a introdução de rotinas de inspeção laboral nas fábricas e a necessidade de proteção no maquinário foram conquistas que só surgiram nos anos seguintes.

Já as primeiras leis de prevenção de acidentes de trabalho, surgem por volta de 1844 na Alemanha, seguida pelos demais países.

Leis trabalhistas no Brasil: os primeiros passos na proteção dos trabalhadores

Por aqui as mudanças levaram ainda mais tempo para acontecer. Afinal, a Revolução Industrial só começou de fato por volta de 1930. Antes disso, éramos um país essencialmente agrícola.

Foi no período da industrialização brasileira que o então presidente, Getúlio Vargas, deu início a criação das leis trabalhistas individuais e coletivas, como a criação da CLT e da Lei 8213, que regulamenta os planos de benefícios da Previdência Social, incluindo as vítimas de acidentes de trabalho.

Confira outras ações tomadas neste período:

  • 1919 – é criada a lei de acidentes do trabalho;
  • 1930 – é fundado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, atual Ministério do Trabalho e Emprego;
  • 1966 – é criado o FUNDACENTRO, uma fundação que atua com pesquisas relacionadas à segurança e saúde dos trabalhadores;
  • 1978 – as normas regulamentadoras são criadas.

A partir daí, questões de ergonomia também passam a ser aplicadas no ambiente laboral e a preocupação com a condição do trabalhador torna-se mais constante nas empresas.

Profissional de segurança do trabalho: surgimento e importância

Em 27 de novembro de 1985 é criada oficialmente a profissão de Técnico em Segurança do Trabalho. Estando definida a atuação no Art. 2º da lei nº 7.410, exclusivamente:

  • I – Ao portador de certificado de conclusão de curso de Técnico de Segurança do Trabalho, a ser ministrado no País em estabelecimentos de ensino de 2º grau;
  • II – Ao Portador de certificado de conclusão de curso de Supervisor de Segurança do Trabalho, realizado em caráter prioritário pelo Ministério do Trabalho;
  • III – Ao possuidor de registro de Supervisor de Segurança do Trabalho, expedido pelo Ministério do Trabalho, até a data fixada na regulamentação desta Lei.

Mas a regulamentação da profissão só aconteceu mesmo em 9 de abril de 1986 com a lei nº 7.410/1985. Cada vez mais, a profissão de Técnico em Segurança do Trabalho é valorizada, seja pela crescente conscientização da importância do bem-estar dos colaboradores, seja pelo aumento da fiscalização e das penalidades ao descumprimento da lei.

E pela vantagem do mercado profissional, investir em uma titulação em Engenharia de Segurança do Trabalho se torna ainda mais interessante profissionalmente. Vale lembrar que os empresários têm valorizado cada vez mais esse serviço.

Com o eSocial, as empresas precisam se adequar rapidamente às normas, o que torna esse profissional ainda mais indispensável. Além do mais, já se sabe hoje que o trabalho de prevenção realizado, como a utilização de roupas para altas temperaturas ou o uso de EPIs usados em siderúrgicas, garantem a produtividade e reduz custos com acidentes laborais.

Segurança do trabalho no Brasil: panorama dos dias atuais

A segurança do trabalho no Brasil, nos dias atuais, tem se consolidado como um pilar essencial nas empresas, com legislações mais robustas e a ampliação do papel dos profissionais de SST.

Dessa forma, é possível colocar em prática as Normas Regulamentadoras vigentes e alcançar os melhores benefícios possíveis, tanto para as empresas quanto para os trabalhadores e a sociedade.

Falando nas NRs, elas continuam a nortear as práticas de segurança, garantindo que as empresas implementem medidas preventivas para minimizar acidentes e doenças ocupacionais.

Com a atualização constante dessas normas, como a recente reformulação da NR 7 e inclusão do assédio no trabalho na NR 5, o Brasil se alinha a padrões internacionais, reforçando a importância da saúde ocupacional.

Além disso, o uso de tecnologia, como sistemas de monitoramento e análise de dados, tem sido cada vez mais adotado para tornar os ambientes de trabalho mais seguros e eficientes. Assim, é possível ter dados dos acidentes e doenças ocupacionais em tempo real.

No entanto, ainda há desafios, especialmente nas pequenas e médias empresas, onde a conscientização e a implementação de práticas adequadas de segurança nem sempre são prioridade.

Desafios da segurança do trabalho: o que esperar e como enfrentar essas barreiras

Os desafios da segurança do trabalho no Brasil continuam a ser uma preocupação central para empresas e profissionais de SST. Entre as principais barreiras, destaca-se a dificuldade de conscientizar todas as esferas da empresa, especialmente em setores que ainda tratam a segurança como um custo, e não como um investimento.

Para superar essa mentalidade, é essencial promover uma cultura organizacional sólida, que envolva treinamentos frequentes e uma liderança comprometida com a segurança. Assim, ficará mais fácil implementar ações eficazes na prevenção dos acidentes e doenças do trabalho.

Outro desafio relevante é a adaptação às constantes mudanças nas Normas Regulamentadoras (NRs). A atualização frequente dessas regras exige que profissionais de SST estejam sempre atentos às novas exigências e prontos para implementar mudanças nos processos internos. A capacitação contínua, bem como a utilização de softwares de gestão de segurança, pode ajudar as empresas a se manterem em conformidade.

Além disso, a integração de novas tecnologias também traz barreiras, como a necessidade de investimentos significativos e a adaptação dos trabalhadores a ferramentas digitais. A solução está em abordar esses desafios de forma gradual, investindo em tecnologias que agreguem valor e promovam uma transição suave.

Por fim, o impacto da saúde mental no ambiente de trabalho é um desafio crescente. O aumento dos níveis de estresse e esgotamento profissional exige que empresas adotem uma abordagem holística, que inclua tanto a segurança física quanto o bem-estar psicológico dos colaboradores.

Nesse sentido, implementar programas de apoio psicológico e promover o diálogo aberto sobre saúde mental são passos fundamentais para enfrentar essa barreira. Dessa forma, é possível enfrentar essas barreiras de frente e obter resultados positivos dentro das empresas.

Futuro da segurança do trabalho: principais tendências de SST

O futuro da segurança do trabalho aponta para um cenário altamente tecnológico e focado na prevenção proativa de acidentes. Entre as principais tendências de SST, destaca-se o uso crescente de inteligência artificial (IA) e big data para a análise preditiva de riscos, permitindo que empresas identifiquem padrões de acidentes antes mesmo que ocorram.

A realidade aumentada (RA) também começa a ganhar espaço, proporcionando treinamentos mais imersivos e seguros para os trabalhadores. Vale destacar que essas tendências serão adotadas primeiramente por grandes empresas, já que exigem um certo investimento financeiro.

Outra tendência importante é a adoção de dispositivos vestíveis (wearables), como sensores de movimento e de condições ambientais, que monitoram em tempo real a saúde e a segurança dos trabalhadores.

Essas tecnologias estão tornando a gestão de SST mais personalizada e eficaz. Além disso, a cultura de bem-estar no trabalho, que integra saúde física e mental, está sendo cada vez mais incorporada às práticas de segurança.

A sustentabilidade e a preocupação com o meio ambiente também passam a influenciar o setor, com a adoção de práticas de segurança mais ecológicas. Esses avanços colocam a SST no centro das inovações, moldando um futuro mais seguro e eficiente para os trabalhadores.

Não podemos esquecer do envelhecimento da população, que é uma tendência que está batendo na porta das empresas. Nesse caso, será necessário adaptar os ambientes de trabalho para atender às necessidades dos trabalhadores mais idosos, com foco em ergonomia e prevenção de doenças relacionadas à idade.

Sem contar na diversidade e inclusão, que abrangem a criação de ambientes de trabalho mais inclusivos, considerando as necessidades de diferentes grupos de trabalhadores que existem na empresa.

Conclusão

Em conclusão, a evolução da segurança do trabalho revela uma trajetória significativa de progresso, desde suas origens até as tendências mais recentes. Ao refletirmos sobre as mudanças que moldaram o campo da segurança, é evidente que a abordagem de SST tem se tornado cada vez mais sofisticada e centrada na prevenção proativa.

Desde as primeiras legislações básicas até a integração de tecnologias avançadas como IA e wearables, a segurança do trabalho continua a se transformar para atender às novas demandas e desafios.

Para os profissionais de SST, essa evolução representa uma oportunidade para se atualizar continuamente e adotar práticas inovadoras que não apenas garantam a conformidade com as normas, mas também promovam um ambiente de trabalho mais seguro e saudável.

Investir em tecnologia, capacitação e uma cultura de segurança robusta são passos cruciais para liderar essa transformação e garantir que a proteção dos trabalhadores seja eficaz e alinhada com as melhores práticas atuais.

Ao abraçar essas mudanças e tendências, os profissionais de SST podem não apenas mitigar riscos, mas também contribuir significativamente para o bem-estar geral e a produtividade das organizações.

A evolução da segurança do trabalho é um testemunho do compromisso com a melhoria contínua e a proteção dos colaboradores, e estar na vanguarda dessa evolução é fundamental para alcançar um futuro mais seguro e promissor no ambiente de trabalho.

Gostou deste conteúdo e quer continuar por dentro do universo da segurança do trabalho? Acompanhe nosso blog e fique sempre atualizado.

Abraços e até a próxima!

Pedro Bezerra
SUPREMA | EPIs para Alta Temperatura

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Respostas de 6

    1. Olá Maykon, boa tarde!
      Muito obrigado por sua participação!
      Espero que goste de outros conteúdos também!
      Um grande abraço e até breve.
      Pedro

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